26 março 2009

Dinâmica do Movimento Articular (DMA)

O movimento humano tem sido um objeto de estudo amplamente investigado.

A capacidade de produzir movimento nos posiciona, em conjunto, com uma córtex cerebral (cortex cerebralis,latim: Córtex=Casca) e um polegar capaz de realizar oponência, como candidatos a sobreviver ao processo de seleção natural.

O movimento é uma das principais características e sua compreeenção exige uma dose extra de esforço em seu estudo.

Em um simples flexionar e estender de um segmento corporal deflagam uma série de sub-eventos, ou partículas, frações de evento que se convergem para a produção de um trabalho final, no caso , o movimento.

Um dos componentes essenciais para a realização de um movimento é a presença de um ponto articulado que permita, delimite e restrinja um deslocamento no espaço, conhecemos os pontos articulados como articulações, existem vários tipos de articulações que são classificadas segundo o tipo de movimento produzido.

Uma parte importante, antes de entender o processo que envolve o movimento em uma dada articulação, e que resultou na perda ou restrição de sua plena capacidade, está em compreender os componentes da movimentação articular e seguimentar (artrocinemática e osteocinemática), com base nisso, podemos analisar quais são as variáveis anômalas que eventualmente possam se apresentar corroborando com a disfunção da articulação analisada.

Ao analisar a amplitude de movimento articular (ADMa) alguns pontos devem ser levados em consideração afim de isolar o(s) componente(s) anômalo(s); Observação do componente elástico de produção ativa do movimento (músculo) (sensação macia), as partes inertes (cápsulas, ligamentos, etc.) que permitem, delimitam, restringem e facilitam a produção do movimento( sensação firme) e as partes duras ( ossos ou a articulação propriamente dita, sensação dura). Todas estas estruturas compõe ativa ou passivamente o movimento, e são solicitadas em maior ou menor grau ao longo do arco de movimento (AM).

Aprofundando a análise, devemos observar os sub-eventos deste processo, pertencentes ao sistema proprioceptivo, tal como o número de fibras solicitadas a realização do movimento ( agonistas, antagonistas, sinergistas e coaptores), a taxa de tensão ligamentar linear e transversa existente em dado ponto do ângulo articular, o grau dos componetes de deslize e rolagem dentro da articulação, etc. Todos esses eventos, os de caráter ativo-voluntário e passivo-involuntário, em conjunto compõe a Dinâmica do Movimento Articular (DMA).

Como mencionado anteriormente, o conhecimento destes componentes, que estão presentes durante a produção de um movimento, orientam o reconhecimento das possíveis alterações ao longo do AM. Ao avaliar o AM todos os estes eventos e sub-eventos, fundamentalmente os perceptíveis ao examinador devem ser levados em consideração para a elaboração do plano de tratamento.

A dor, a rigidez, os ruídos e outros eventos anormais devem ser registrados qualito-quantitativamente, a fim de colaborar ao amplo entendimento dos acontecimentos simultâneos que se apresentam durante a realização de um arco de movimento, oferecendo base a tomada de decisão para a elaboração de um plano de tratamento. Referente a armazenagem, o registro destes eventos, deve levar em consideração o ponto inicial e final ao longo do AM, a intensidade destes eventos anômalos também é um dado relevante a ser armazenado.

Atualmente o instrumento amplamente utilizado pelos fisioterapeutas brasileiros para avaliação da ADM é o aparelho denominado goniômetro (Def.: instrumento de medida em forma semicurcular ou circular graduada em 180º ou 360º, utilizado para construir ângulos).

A goniometria (Def.:método de avaliação para contsrução de ângulos que utiliza o goniômetro) , mesmo apresentando algumas variações entre avaliações diversas, de acordo com Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI=1,1) segundo, SHOURT e FLEISS, é bastante eficiente para a construção de ângulos. A medição ou construção de um ângulo articular deve levar em consideração não só o componente angular inicial e final ou mesmo os planos segundo o sistema SFTR (Sagital, Frontal, Transverso, Rotação), mas também as alterações dos componentes dinâmicos presentes na produção do movimento, ou das possíveis anomalias ( Dor, Ruídos, Rigidez, etc.) encontradas que são determinantes no que se refere a plena capacidade funcional para a realização de um movimento.

A dinâmica do movimento articular é o somatório de todos os eventos normais e anômalos presente em um movimento. Cabendo ao fisioterapeuta o estabelecimento de critérios de avaliação que leve em consideração tais eventos, para a determinação de uma conduta terapêutica adequada as necessidades e possibilidades de seu paciente.

O corpo fala sem palavras, e a capacidade de observação e sensibilidade são duas das melhores ferramentas disponíveis aos fisioterapeutas para encontrar o caminho apropriado para a elaboração de uma abordagem terapêutica eficiente e eficaz.