27 novembro 2008

Medir pressão todo dia. Estratégia para prevenção do Risco Cardíaco-UFRJ

A medição da pressão arterial no consultório médico pode ter pouca utilidade no prognóstico de quais pacientes hipertensos podem sofrer derrames e enfartes, segundo estudo publicado na segunda-feira por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Cerca de 10 a 30 por cento dos hipertensos não melhoram com o tratamento. Para eles, a medição da pressão em intervalos regulares de 24 horas pode resultar em um controle melhor da doença, de acordo com o estudo.

O médico Gil Salles e seus colegas estudaram 556 pacientes hipertensos que freqüentaram um ambulatório entre 1999 e 2004, sem reagir ao tratamento.

Os pacientes tinham sua pressão monitorada por um aparelhinho em intervalos regulares, durante 24 horas, e eram submetidos a três ou quatro avaliações anuais, até dezembro de 2007.

Após cinco anos, 19,6 por cento havia tido algum tipo de problema cardíaco, letal ou não.

Os pesquisadores concluíram que as medições de pressão feitas no ambulatório não previam esses incidentes, enquanto o monitoramento ao longo de períodos de 24 horas o fazia. As medições feitas durante a noite eram especialmente reveladoras.

"Este estudo tem importantes implicações clínicas", disse Salles em nota divulgada junto com a publicação do estudo na revista Archives of Internal Medicine.

A hipertensão, se não for tratada a tempo, pode provocar enfartes, derrames e outros problemas graves. Baseando-se em eventuais momentos de piora, especialmente noturnos, os médicos podem indicar uma estratégia mais agressiva para o tratamento.

As medições feitas nos consultórios são frequentemente distorcidas pelo "efeito jaleco branco", em que a mera presença no consultório médico afeta a leitura. Por isso, algumas entidades médicas dão preferência ao monitoramento doméstico da pressão.