A saúde e a qualidade de vida das pessoas não se resumem ao seu estado de saúde, identificado pelos resultados de exames laboratoriais (níveis de glicose e colesterol no sangue, por exemplo), pela sua pressão arterial ou pela necessidade ou não de tratamentos ou uso de medicamentos. Trata-se de um conceito bem mais amplo, que envolve a sensação de bem-estar das pessoas em seu ambiente familiar, na escola e no trabalho e no seu contexto sócio-econômico e cultural. Muitos autores acreditam que a qualidade de vida possui várias dimensões, que podem ser resumidas nas esferas física, social, emocional e espiritual. Acreditamos que essas dimensões são igualmente importantes e devem ser desenvolvidas com harmonia, integração e equilíbrio. Assim, torna-se muito difícil que uma pessoa opte, por exemplo, por desenvolver unicamente a esfera profissional, relegando para segundo plano o cuidado com o corpo, as relações com a família e os amigos, e não se preocupe com os valores pessoais. Provavelmente, também não conseguirá sucesso na área profissional, pois isso depende do equilíbrio harmônico de todas as dimensões.
Muitas pessoas não conseguem parar de fumar ou praticar atividades físicas, pois estão pouco motivadas, tristes ou solitárias, ou não acreditam que vale a pena cuidar da própria saúde. Estimulá-las a mudarem seus comportamentos para um estilo de vida saudável constitui-se num desafio para os profissionais, algo que envolverá novos conhecimentos e habilidades e a busca de metodologias e técnicas que sejam eficazes para diferentes públicos.
Atualmente, no Brasil, as doenças crônicas não-transmissíveis (infarto do miocárdio, derrames cerebrais, diabete tipo II e câncer) são as principais causas de morte em adultos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 80% dos casos de doenças cardiovasculares e diabetes e 40% dos casos de câncer são evitáveis através da mudança do estilo de vida, baseada principalmente por meio da atividade física, alimentação saudável (cinco porções diárias de frutas e vegetais, evitar gorduras e sal em excesso), eliminação do hábito de fumar e a adoção de comportamentos preventivos (como realizar exames preventivos, não dirigir quando ingerir bebidas alcoólicas e não fumar).
Uma pesquisa envolvendo a análise de 14 estudos realizados na Europa e nos Estados Unidos concluiu que as pessoas com peso excessivo têm risco 32% maior de desenvolver doença coronariana do coração (infarto do miocárdio) que aumenta para 81% se a pessoa for obesa. Alguns dados merecem ser destacados, com relação à saúde do brasileiro. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) está projetando, para 2009, aumento considerável no número de casos de câncer de pele, pulmão, próstata, mama e intestino, que, somados, podem atingir 290.000 pessoas em todo o Brasil. A Sociedade Americana de Câncer estima que o tabagismo é responsável por um terço de todos os cânceres e a alimentação inadequada e o sedentarismo respondem por outro terço. Assim, estes fatores respondem por dois terços de todas as mortes por câncer.
O Ministério da Saúde está realizando, desde 2006, o estudo “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico”(VIGITEL), para monitorar vários indicadores nas capitais dos Estados e do Distrito Federal. Os números de 2007 revelaram que 43,4% dos brasileiros estão com excesso de peso, 32,8% consomem carnes com excesso de gordura, 29,2% são fisicamente inativos, e 16,4% são fumantes. A pesquisa VIGITEL revelou ainda que 17,5% dos brasileiros consomem álcool em excesso e que, em média, 2% dirigem após a ingestão de bebidas alcoólicas. Podem concluir que, nas capitais brasileiras, mais de 20.000 pessoas dirigem após beber, todos os dias. Calcula-se que cerca de 40% dos acidentes automobilísticos fatais estejam associados a ingestão de álcool.
Segundo levantamentos do IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros tem aumentado consideravelmente, chegando a 76,8 anos para as mulheres e 69,5 anos para os homens.
Deste modo, o desafio não é “como viver mais”, e sim “como viver melhor”. Sabemos que a qualidade de vida das pessoas cai muito quando elas ficam doentes, incapacitadas ou dependentes de medicamentos e tratamentos e suas limitações. Além disso, o máximo desempenho pessoal, na empresa, na escola e nos negócios, somente é atingido por níveis excelentes de saúde através da busca do estilo de vida saudável.